Há sempre um preço a pagar por todas as nossas escolhas, ou ausência delas.
Esta vertente, mais ou menos por atalhos, do aumento da massa magra à base de químicos nunca me convenceu!
Se empiricamente são poucos os argumentos, academicamente são muitos os que sustentam as minhas dúvidas...
Esta vertente, mais ou menos por atalhos, do aumento da massa magra à base de químicos nunca me convenceu!
Se empiricamente são poucos os argumentos, academicamente são muitos os que sustentam as minhas dúvidas...
Para mim
a suplementação só faz sentido em alta competição (principalmente em desportos
individuais), quando se pretende melhorar marcas em milésimos de
segundo, em milímetros…, ou seja o último trunfo quando a
metodologias implementadas no treino (técnico e táctico) não chegam para a
medalha. O rendimento em detrimento da saúde.
Mesmo que potencie os resultados, esses produtos são
sintéticos e super processados e logo vai existir uma sobrecarga sobre os
rins e fígado… a longo prazo o resultado não pode ser muito bom…
Não deixa de ser interessante perceber as posições do lado da Nutrição, neste caso pela nossa Nutricionista de "serviço"...
Por Ana Margarida Ramalho, Nutricionista da Equipa de Saúde Pública de Beja:
"Ultimamente tenho-me esquecido de felicitar as
meninas que têm obtido bons resultados, quer na perda de peso, quer na perda de
massa gorda… Parabéns às ganhadoras!!
Quando me ocorreu o tema que este mês publicamos, e
ao procurar informação no google, deparo-me que informação há pouca! Apenas
aparecem sítios sobre suplementos alimentares para ganho de massa muscular. Desde
há alguns anos que se debate este assunto e também é alvo de campanhas
publicitárias duvidosas. Como quase toda a publicidade, a proteína é mais uma! No
entanto, e na tentativa de acabar com estes mitos milagrosos, vou tentar
esclarecer-vos relativamente ao tipo de alimentação que se pode ter para este
fim.
Primeiro
que tudo dou-vos a minha opinião sobre estes suplementos. São sobretudo
compostos por aminoácidos, substâncias que compõem as proteínas. São utilizados
sob esta forma uma vez que permitem uma absorção mais rápida e logo uma
regeneração mais rápida do músculo. Tal como os medicamentos para perder peso,
acontece tudo muito rápido! E tal como acontece com os medicamentos para perder
peso, quando se deixam de tomar todo o trabalho que foi feito é desfeito também
muito rapidamente!! Vêm o Arnold Schwarzenegger ou o Sylvester Stallone, quando
eram “The Terminator” ou “Rambo”, respectivamente, tanto esforço tiveram em
trabalhar os músculos, que quando atingiram uma certa idade e abandonaram o
grande ecrã deixaram a prática de actividade física, ficando um monte de banha,
no caso do Arnold ou magros, sem massa muscular, como o Sylvester!! Grande
parte da massa muscular foi à vida! Mais uma vez repito, quando este trabalho é
feito mais lentamente torna-se muito
mais duradouro.
Na
realidade não existem muitos estudos nesta matéria, mas manda a ciência que para um adulto “normal” a
quantidade de proteína é de 0,8g/kg/dia.
Do lado da malta do culturismo e afins defende-se que é pouca quantidade para
criar massa muscular. Assim, este grupo defende que a dose diária de proteína
deverá andar entre 1,6g/kg/dia e 2g/kg/dia.
A nossa
dose diária de proteína depende de alguns factores, desde o tipo de corpo,
consumo calórico e de água (sim, é a agua que vai fazer com que o rim
trabalhe bem e consiga ajudar a proteína a eliminar produtos tóxicos pela urina),
assim como o tempo e a intensidade de treino.
O que é
preciso saber é a quantidade que necessitamos (termo utilizado pela
ciência) e/ ou precisamos (termo utilizado pelos halterofilistas) para a
pratica de actividade física. As maiores necessidades são várias ao longo da
nossa vida, na fase de crescimento e desenvolvimento, durante a gravidez
ou na fase de amamentação, ou quando o organismo precisa de recuperar
duma experiência de trauma ou má nutrição (idosos, por exemplo).
Voltando
aos suplementos, têm a agravante de serem tomados sem que se tenha atenção à
quantidade de proteína que se consome na alimentação. O que se for em excesso
pode ser, aliás é, uma sobrecarga proteica ao rim. Dai resultar, a longo prazo,
um trabalho renal deficiente, e a curto prazo um excesso de proteína, ácido urico,
ureia ou creatinina elevados podem já ser um aviso de deficiente trabalho
renal.
Já
falamos no pré-treino no artigo anterior com o reforço em hidratos de carbono
de absorção lenta (necessários para a actividade a praticar). Após o treino, e com o objectivo de
regenerar o músculo é a proteína a actriz principal na alimentação.
Tal como
com outros nutrientes, a regra é sempre a mesma, ser o mais constante possível
na ingestão dos alimentos. Este procedimento vai permitir que o “aceleramento”
do metabolismo. Apenas após o treino, o reforço proteico deve existir. Há quem
defenda que a ceia também deve ser reforçada uma vez que o jejum é mais
prolongado, permitindo um anabolismo durante a noite… dai a importância desta
refeição. (Eu também defendo).
As proteínas
funcionam como tijolos no nosso organismo,
dai a sua importância e maior necessidade em fases como as que enumerei atrás.
Fornece-nos 4 Kcal por grama… e têm variadíssimas funções no nosso organismo:
transporte de nutrientes, oxigénio e resíduos em todo o corpo, fornecem
estrutura e capacidade de contração dos músculos.
Assim,
temos à escolha os seguintes alimentos:
- Proteína origem animal (Alto Valor
Biológico): peixe, carne e ovos (clara é pura proteína – muita utilizada em batidos caseiros em
substituição dos suplementos industriais). Produtos
lácteos: leite e derivados, queijos (fresco, flamengo, etc.).
- Proteína origem vegetal (Baixo Valor
Biológico): leguminosas (feijão, grão, lentilhas, ervilhas, favas) e frutos
secos (nozes, principalmente).
Como
consideração final, a velha máxima que não me canso de repetir… Uma alimentação
completa, equilibrada e variada é o ideal! Assim, após um treino poderão
fazer um reforço proteico… e vão, provavelmente, admirar-se com a minha
sugestão :) mas, um feijão de azeite ou outro prato
confeccionado com uma leguminosa pode ser uma opção. Isto porque também o teor
de gordura é muito reduzido. Mas carne magra ou mesmo optar por peixe nesta
refeição estão a fazer um procedimento correcto.
Também
mais uma vez vos digo, não vão atrás de publicidades de bolachas ou outros
produtos com L-carnitina ou outro produto qualquer, mesmo de farmácia, para
ganhar massa muscular…
Bons
treinos e boas comidas!!!"
Estas e outras dicas podem ser acompanhadas na rubrica intitulada "Vida Saudável" que passa na Rádio Pax todas as quartas-feiras pelas 10h15
Até que esta conversa toda "entre na cabeça" de todos aqueles que pensam precisamente o contrário... Irá ser uma longa batalha, tanto mito e tanto "diz que dizem"...
ResponderEliminarPatrícia
ResponderEliminarA intenção até é simplificar...
Os atalhos não trazem resultados a longo prazo. Ponto
Temos um código genético vincado por milhões de anos de adaptações (constantemente a sair da zona de conforto pois tínhamos que fugir dos leões, mas também procurar alimento...), e essas adaptações dificilmente serão contornadas por atalhos químicos, sintéticos e ociosos...
Portanto, estaremos sempre a correr atrás do prejuízo... mesmo com o melhor programa de treinos...
No fundo o processo até é mais Antropológico que Fisiológico... (esta ainda vai dar que falar =\)
Coragem!
Infelizmente, nestas questões mais depressa se ouve: Ah e tal... conhecem alguns comprimidos para emagrecer, queimar gorduras!?
ResponderEliminarDo que: Onde é o ginásio mais próximo ou qual a alimentação mais equilibrada para mim?
Gostei da referência ao "fugir dos leões", o Fábio usa sempre essa para justificar a condição física de individuos de um certo continente :D
Indivíduos esses que certamente estarão na linha...
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