quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

FIT Rehab: Agachamentos sim ou não?

Não é à toa que, nos nossos treinos, o Agachamento (e as suas variações) corresponda a mais de 60% do tempo de empenhamento motor...

Primeiro por uma óbvia questão de rácios musculares, em que mais de 60% da nossa musculatura está nos membros inferiores.

Segundo porque, PASMEM-SE, segundo estudos electro miográficos, o Agachamento é o exercício que mais solicita a musculatura ABDOMINAL!

E a malta vá de crunches, sit-ups, de lado, deitado, pernas pra cima, cruzadas, pescoçais...
E os quadrados, nem vê-los!

Mais interessante ainda é a sua perspectiva clínica, mas isso deixamos para o nosso Osteopata de serviço.

Por João Espírito Santo, Osteopata e consultor FITsalvador

"Definitivamente que SIM!

Considero que o agachamento é um dos melhores, se não, o melhor exercício e explico o porquê nos próximos parágrafos.
 
O agachamento é uma habilidade motora fundamental que todos nós adquirimos por volta dos 16 meses de idade, que infelizmente o esquecemos durante a nossa vida. A boa notícia é, que é relativamente “fácil” ao nosso sistema nervoso central resgatar o padrão de execução, excetuando populações com alterações na coluna em que as cadeias cinéticas responsáveis pelo movimento, estão, na sua maioria, estruturalmente e funcionalmente alteradas.



 


Existem várias formas de agachamento, desde o deep squat ou agachamento completo (quando as nossas coxas cobrem as pernas na parte final do movimento), o parallel squat ou o agachamento paralelo (quando as nossas coxas ficam paralelas ao solo na fase final do movimento), o half squat ou meio agachamento (quando o joelho fica fletido entre os 70 a 90 graus na fase final do movimento) e o quarter squat ou o um quarto de agachamento (quando o joelho fica fletido entre os 40 a 69 graus na fase final do movimento). Qual destas formas de agachamento é a melhor?

Pessoalmente prefiro o deep squat ou agachamento completo por diversas razões evidenciadas em diferentes estudos:
 
• Biomecanicamente a maior força de compressão no joelho acontece aos 90 graus de flexão (amplitude de movimento característica de um half squat), sendo que à medida que se desce no agachamento o contacto entre a parte posterior da coxa e a perna reduz esta força de compressão, além disto o tendão do quadricípite e a fenda intercondiliana causam um “wrapping effect” que permite uma maior distribuição da carga sobre a articulação do joelho;
 
• Maior aumento de massa muscular do quadricípite e isquiotibiais;
 
• Maior incremento de força, coordenação e potência muscular para obter melhores benefícios atléticos, tais como, a altura do salto e a velocidade da corrida;
 
• Maior estabilidade da articulação do joelho devido ao aumento da resistência da cartilagem e dos ligamentos envolventes;
 
• Maior estabilidade da coluna lombar que é mantida através do aumento da pressão intra-abdominal por ação da ativação reflexa dos músculos eretores da coluna.
 
Outra questão que se coloca é a seguinte: será que todas as pessoas podem realizar os mesmos agachamentos? A resposta é NÃO! Existem condições patológicas que podem provocar desconforto na realização de um agachamento. Por exemplo: alterações genéticas na articulação coxofemural, na tendinite patelar e na espondilolistese da coluna lombar poderão exigir modificações na técnica convencional de agachamento. Além destas,
também podem existir condições estruturais inerentes a cada indivíduo que requerem modificações na realização de um agachamento (e.g., pé valgus).
 
O pé valgus é uma “forma” do pé em que o arco plantar “colapsa” provocando uma rotação interna da tíbia e fémur. Desta forma, na realização de um agachamento os joelhos posicionam-se para dentro, os calcanhares elevamse e a coluna lombar hiperestende. Neste último caso se a pessoa em causa usar um calçado com uma elevação nos calcanhares entre 10 a 20 cm, ajuda a corrigir o pé valgus pelo alinhamento das articulações subtalares e astragalinas, possibilitando a realização de um agachamento mais correto.
 
Exceções à parte, a pouca mobilidade derivado de uma vida sedentária ou uma má prescrição de exercício físico poderão levar as pessoas a evitar os agachamentos. Uma boa consciência corporal ou uns alongamentos poderão resolver estas questões. Temos é de encontrar a melhor solução de agachamento para nós.
 
Resumindo, todas as pessoas podem beneficiar dos agachamentos, sendo que, os agachamentos completos são superiores em quase todas as situações. Quer isto dizer que todas as pessoas devem realiza agachamentos completos? Claro que não. Não há obrigatoriedades. Mas todos devem poder treiná-los.
 
Umas últimas palavras para a técnica de agachamento. A manutenção de uma curvatura lombar neutra é fundamental na sua realização. Todos os estudos reforçam esta ideia. Uma técnica incorreta origina compensações, que de futuro originam disfunções e possíveis lesões.

Referências:
Lorenzetti, S., Bulay, T. (2012). Comparison of the Angles and Corresponding Moment in the Knee and Hip during Restricted and Unrestricted Squats.Journal of Strength and Conditioning Research. Published Ahead of Print.

Hartmann, H. (2013). Analysis of the Load on the Knee Joint and Vertebral Column with Changes in Squatting Depth and weight Load. Sports Medicine.Published Ahead of Print;

Bloomquist, K. (2013). Effect of Range-of-Motion in Heavy Load Squatting on Muscle and Tendon Adaptations. European Journal of Applied Physiology. Published Ahead of Print;

Hartmann, H., Wirth, K., Klusemann, M., Dalic, J., Matuschek, C. & Schmidtbleicher, D. (2012). Influence of Squatting Depth on Jumping Performance. The Journal of Strength and Conditioning Research. 26 (12), 3243-61.

Drinkwater, E., Moore, N. (2012). Effects of Changing from Full Range of Motion to Partial Range of Motion on Squat Kinetics. Journal of Strength and Conditioning Research. 26(4), 890-896."

Para além da consultoria gratuita através do email rehab@FITsalvador.com, em Beja o João dá consultas às quarta-feiras e sábados na clínica de Haloterapia HALOVIDA. (30% desconto atletas FITsalvador)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Laboratório FITsalvador - Ritmo Circadiano... qual é o teu?

Qual a melhor hora do dia para treinar?

O mesmo treino, a mesma carga, o mesmo indivíduo... apenas a horas do dia diferentes: 7h15, 13h15 e 19h15.

Porque será que, para o mesmo treino, a intensidade seja diferenciada de acordo com a hora do dia?

E tu, és um madrugador ou só funcionas à tarde?? Discute com o teu Trainer qual a TUA melhor hora para treinar!



Segundo Drust et al. (2005) e Reilly (1990) citados por Bessot, et al. (2006), performances mais fracas são frequentemente observadas pela manhã, enquanto que pela tarde observa-se um melhor desempenho.

Noutro estudo (Moussay et al., 2002ª, 2002b cit Bessot, et al., 2006) observou-se que as intensidades volitivas eram significativamente mais baixas às 6h do que às 18h, enquanto que intensidades manipuladas afectam a performance natural do atleta (Bessot, et al., 2006). Possivelmente justificado pela capacidade coordenativa onde a velocidade da condutividade dos nervos aumenta ao longo do dia (Ferrario et al., 1980 cit Bessot, et al., 2006).

Num estudo com ciclistas (Bessot, et al., 2006) o tempo até à exaustão foi maior às 18h do que às 06h bem como a concentração de lactato e temperatura corporal.

Num estudo onde o protocolo utilizado foram sprints máximos em quatro horários diferentes (07h, 09h, 17h e 19h), também a concentraçâo de lactato foi maior ao fim do dia do que pela manhã, bem como a frequência cardíaca (Racinais, Connes, Bishop, Blonc, & O., 2005). Ainda neste estudo observou-se que a potência do primeiro sprint era maior ao fim do dia.

O factor motivacional pode ajudar a explicar a diferença registada na intensidade do treino, apesar do trabalho realizado ser idêntico: os mesmos exercícios, a mesma carga, etc.
A motivação para o empenho no treino é maior ao fim da tarde, bem como a predisposição fisiológica para sinapses mais eficazes justificadas pela capacidade coordenativa onde a velocidade da condutividade dos nervos aumenta ao longo do dia (Ferrario et al., 1980 cit Bessot, et al., 2006).

Outra justificação poderá estar relacionada com o sistema linfático, que é responsável pela "limpeza" de todo o "lixo orgânico" derivado do metabolismo.

Ao final do dia, a quantidade de "lixo orgânico" acumulada é muito maior do que ao início e a meio do dia, pelo que poderá significar uma maior sobrecarga do sistema cardiovascular para levar a cabo esta "limpeza", resultando numa maior FCmédia.

Num estudo realizado com mulheres futebolistas verificou-se que os picos de potência, a fadiga e temperatura eram superiores ao final da tarde, indicando que o risco de lesão é maior ao final da tarde associando-se à flutuabilidade da performance anaeróbica (Hammouda, et al., 2012).


“The most robust result is that athletic performance seems to be best in the evening around the time when the core body temperature typically is at its peak” (Thun et al., 2014)

Referências







 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Nutrição: recomendações 2 - 12 WEEKS CONTEST

Por Ana Margarida Ramalho, Nutricionista da Equipa Saúde Pública de Beja, e Consultora FITsalvador:

"Continuando a nossa mudança de hábitos alimentares, o passo seguinte é o cálculo das necessidades calóricas para cada um, ou seja, o metabolismo basal. Este cálculo faz-se a partir da equação de Harris-Benedict para homens e mulheres de forma diferente.

Para mulheres
MB (kcal) = 447,593 + (9,247 * Peso (kg) )+ (3,098 * Altura (cm)) (4,330 * Idade (anos))

Para homens
MB (kcal) = 88,362 + (13,397 *Peso (kg)) + (4,799 * Altura (cm)) (5,677 * Idade (anos))


Após este cálculo multiplicamos o valor final por um dos seguintes valores, de acordo com o grau de actividade física de cada um:
Sedentário: 1,2 (pouco ou nenhum exercício)
Actividade ligeira: 1,375 (exercício leve, 1 a 3 vezes por semana)
Actividade moderada: 1,65 (exercício moderado, 3 a 5 dias por semana)
Actividade vigorosa: 1,725 (exercício vigoroso, 5 a 6 dias por semana)
Activo: 1,9 (atletas de alta competição)

Embora tenhamos uns treinos de alta intensidade, somos considerados como tendo uma actividade física moderada.

Os restantes cálculos poderão fazê-los tal como expliquei neste artigo Da teoria à prática

Outro tema mais prático e importante também são as equivalências alimentares. Apresento de seguida as equivalências por grupo de alimentos:
Grupo de cereais e derivados:


1/2 fatia de pão (25g) = 1 papo-seco = ½ pão integral = 2 tostas integrais = 2 colheres (sopa) de flocos de aveia = 3 colheres (sopa) de cereais kellogs K = 6 bolachas de água e sal redondas = 2 bolachas de água e sal quadradas = 3 bolachas tipo maria.

1 batata pequena = 2 colheres (sopa) de arroz ou massa = 3 colheres (sopa) de feijão ou grão = 6 colheres (sopa) de ervilhas ou favas.
Grupo das frutas:


1 laranja = 1 maçã = 1 pera (o) = 1 ou ½ banana = 1 rodela de ananás = 2 ameixas = 20 cerejas = 10 morangos = 1/3 de manga/ papaia = 1 pêssego = 1 talhada pequena de melão/ melancia = 1 a 2 tangerinas = 1 kiwi = 1 figo = 8 a 10 bagos de uva
A fruta tem toda açúcar. De acordo com o seu teor em açúcar poderemos consumir em maior ou menor quantidade. De acordo com estas equivalências todas as frutas mencionadas têm aproximadamente a mesma quantidade de açúcar. Por dia são 3 as peças de frutas recomendadas para adultos.

Carne/ Peixe/ Ovos:
Para um adulto as quantidades destes alimentos são 100g de carne e peixe e para os ovos, 2 unidades. Cada quantidade para o almoço e jantar.
No caso de cada um querer aumentar o teor de proteínas na alimentação será com estes alimentos que deverá acontecer. Um aumento de 20 a 30g, de carne e peixe, a cada refeição. E com os ovos poderão aumentar com a clara. Por exemplo 2 ovos inteiros + 1 clara.

Leite e derivados:
1 chávena de leite (250ml) = 1 iogurte liquido de aromas =  1,5 iogurtes naturais magros = 1 iogurte de aromas = 1 a 2 fatias de queijo flamengo = 2 fatias de queijo fresco


Estas equivalências que aqui vos apresento são as quantidades mínimas para uma refeição, ou seja, deverão sempre existir nas refeições ao longo do dia sem que sejam restringidas.

Façam uma avaliação do vosso dia alimentar e ajustem quantidades e de dia para dia e vão variando ao longo da semana.

Por exemplo: para o pequeno-almoço: se consumirem 1 paposseco com queijo + 1 chávena de leite com café + 1 peça de fruta.
Para variar os alimentos e fazendo as equivalências correctas:
1 iogurte de aromas + 4 colheres (sopa) de flocos de aveia + 1 banana
ou
1 fatia de pão torrada com 1 conduto + 1 chávena de leite + 1 peça de fruta
ou
2 fatias de pão com 1 conduto + 1 chávena de chá + 1 peça de fruta (este exemplo não vai tanto pelas equivalências uma vez que retirei o leite e coloquei mais 1 fatia de pão – um exemplo para um dia que possam ter mais fome)

este foi um exemplo para o pequeno-almoço que serve para as restantes refeições do dia."


Podem acompanhar a Ana na rubrica intitulada "Vida Saudável" que passa na Rádio Pax todas as quartas-feiras pelas 10h15, ou contactá-la directamente através do e-mail nutrition@FITsalvador.com