sábado, 15 de dezembro de 2012

Nutrição: Porquê adiar o tratamento do excesso de peso?

A vida trás sempre muitas surpresas, boas ou más, mas é fundamentalmente resultado das nossas opções diárias, umas boas outras nem por isso...

Sem dúvida que o lazer e a gastronomia nos motivam e trazem um gostinho especial à graça de estar vivo, pelo contrário viver obcecado com o "não pisar o risco" é muitas vezes sinónimo de fracasso... falamos de redução do peso, claro.

A nossa Nutricionista de "serviço" é uma fonte inesgotável de conselhos, não só teóricos mas também empíricos... pois com as devidas cautelas também ela não se nega a nada =P

Por Ana Margarida Ramalho, Nutricionista Equipa Saúde Pública de Beja:



"Depois de falhar um artigo em Novembro, por motivos profissionais e de lazer =), venho agora escrever-vos numa altura em que, se calhar, a maioria está a pensar que era bem melhor estar calada! =)

Mas é sobre isso mesmo, o adiar um tratamento/mudança, sim porque tratar de perder peso, é tratar uma doença, que vos venho escrever… e a primeira pergunta que faço é mesmo essa: Porque adiamos o tratamento do excesso de peso?

Depois de regressar ao trabalho tinha requisições de consulta … 90% eram senhoras, e destas, todas elas me responderam que “agora não é boa altura!”, “talvez se marcasse para Janeiro, depois das festas todas…”. A quase todas perguntei porque queriam adiar a solução de um problema, porque não haveriam de iniciar uma mudança, e sim no Natal, já que é um dos grandes testes do ano. Digo isto como desabafo: O que é o Natal? Uma festa de família, onde conversamos; nos divertimos; sim, comemos mas deveria ser com conta, peso e medida! Ou uma festa que se avalia pela quantidade de comida que há? Na minha humilde opinião, e não é de agora, acho que existe um exagero na preparação/confecção de doces e afins e até mesmo das refeições que se elaboram. O curioso é que existem sobras de doces e dos pratos principais, nada sobra. Porque se consegue fazer as refeições principais à conta ou quase, e os doces são o exagero? Não só se estraga esforços já feitos até então, como se dificultam tarefas para quem quer perder peso no próximo ano (normalmente a resolução nº 1 nos desejos) =)

Com isto, também aceito que se façam estragos na dieta. Agora, que sejam feitos entre o Natal e a Passagem de Ano (1 semana), e não entre o dia 1 de Dezembro e o dia 1 de Janeiro do ano seguinte (1 mês). O problema não é entre o Natal e a Passagem de Ano, mas sim entre esta e o Natal. =)



Embora não o comente, por vezes penso como é que muitas pessoas se deixam chegar ao ponto que chegam. O que as levará a não tomarem atitude de inverter a tendência de aumentar de peso; a não pedirem ajuda. Por muito que saibamos que a obesidade seja uma doença, também sabemos que é uma doença evitável, que se instala ao longo de anos. Não nos deitamos com peso normal, e acordamos obesos =). Tal como já o disse aqui, aumentamos de peso quando não conseguimos gastar aquilo que comemos, logo, quando há um excesso de comida (tal como acontece também nesta altura do ano, assim como durante o ano todo).  Isto para dizer que a perda de peso também não pode nem deve ser rápida.

E porque não havemos de perder 1 ou 2kg até ao Natal? Facilitamos a nossa tarefa, mesmo que adiada. Se assim acontecer, após as festas parto do mesmo peso que teria antes. Caso adie esta mudança, terei a tarefa dificultada com mais 1 a 2kg.



O que fazer? Começar pelas regras básicas da alimentação saudável que já várias vezes enumerei aqui.  Acrescento mais uma recomendação, comer em menor quantidade da que se está habituada a comer.



Tal como para a preparação/ confecção das refeições, também a elaboração dos bolos/ doces para a Ceia de Natal pode sofrer alterações saudáveis:



Substituir:

- Açúcar por casca de fruta picada (casca de pêra e/ou maçã são as mais indicadas);

- Gordura por courgette. Também já me disseram que a abóbora também resulta;



Utilizar menor quantidade de ovos inteiros:

- Nos bolos, metade da quantidade dos ovos a utilizar em ovos inteiros e o restante em claras (Ex: em 6 ovos inteiros, 3 inteiros e 3 claras);

- Em alguns doces, poderá utilizar apenas claras (mousses de chocolate, baba de camelo);



- Todos os ingredientes que se possam utilizar como magros: leite, iogurte, natas, leite condensado, chocolate (preferir o cacau);



O principal objectivo destas alterações não será o valor calórico, que também é possível, mas sim alterar o valor nutricional das iguarias.



- Evitar os desperdícios alimentares;

- A sopa também pode fazer parte da Ceia de Natal, assim como uma boa salada;

- Quem tiver como Ceia o “bacalhau com todos”, terá de certeza os hortícolas na mesa. Quem recorrer a outros pratos também pode ter estes alimentos a ornamentar o prato.



Penso que já teremos aqui algumas recomendações natalícias para que os excessos não se façam notar. Este ano também teremos a mais valia de os treinos não pararem o que ajuda a controlar excessos =)



Desejo a todos um excelente Natal e um Novo Ano com tudo a que têm direito, até mesmo às asneiras alimentares =)"

Podem acompanhar a Ana na rubrica intitulada "Vida Saudável" que passa na Rádio Pax todas as quartas-feiras pelas 10h15.  

3 comentários:

  1. "O problema não é entre o Natal e a Passagem de Ano, mas sim entre esta e o Natal. =)"

    Tirada GENIAL LOLOL

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  2. :))))

    Quando digo isto às pessoas que acusam o Natal desta "maldade" que são os doces,não a entendem à primeira... :)))
    Se 10% dos dias do ano forem asneiras, temos 30 dias para nos "alambazar" com asneiras, ficando os restantes 330 destinados ao bom comportamento!!

    com isto quero dizer, que nós somos os únicos culpados pelo estado em que nos encontramos!! Interiorizem que mais ninguém tem essa responsabilidade/cupla!! ;)

    ana

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  3. Hehe confesso que tive quase para reescrever a frase...

    É verdade, estou a preparar um artigo que fala dessa responsabilidade, não apenas por nos deixarmos chegar a esses estados, mas principalmente com a atitude perante essas asneiras... Porque na verdade elas podem coexistir com o devido bom senso.

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