sábado, 17 de novembro de 2012

107 anos, portuguesa, alentejana,... em Beja

As últimas publicações foram dedicadas aos potenciais efeitos adversos do exercício no envelhecimento e até como causa de morte!

Esta imagem foi tema de conversa no painel do Conversas na Cidade - Viver Saudável, onde se debateu o tema da Diabetes, e a promoção de estilos de vida saudável.

Tenho a sorte de, diariamente, contactar com atletas dos 2 aos... 107 anos, e esta imagem pretende, mais do que ser pretensioso, motivar-vos para a prática do exercício superando (ou contornando) todos os obstáculos que nos vão aparecendo diariamente.

A D. Bia é um poço de boa disposição e vontade de viver. Claro que tem dificuldades, claro que tem dores, mas não falha, não desiste... e todos os dias manda "beijinhos aos meninos e à sua senhora". E faz agachamentos como uma moça "grande"!

Certamente a longevidade desta super atleta não está directamente relacionada com a prática de exercício físico, aliás o seu percurso enquanto atleta só terá iniciado depois dos 100... simplesmente o seu organismo tem sido uma máquina de sobrevivência bem oleada.

Toda esta problemática tem-me levado a reflectir sobre causa e consequências destas epidemias como a obesidade, diabetes, doenças metabólicas, etc...

Penso que o objecto de estudo deve passar por uma abordagem antropológica.
É impossível ignorar que somos produto de uma série de evoluções e adaptações que iniciaram à mais de 2.000.000 de anos, em que o movimento era sinónimo de sobrevivência.
Literalmente, parar era morrer! Fosse na busca de alimento ou para fugir dos predadores... e também havia STRESS! Hoje stressamos por tudo, e a comida ainda nos vem parar à mesa...

E, muito muito muito lentamente, a nossa evolução e adaptação foi no sentido de aperfeiçoar o movimento e rentabilizar a energia dispendida para o efeito.

Se nos distanciarmos e observarmos em perspectiva facilmente percebemos que a revolução industrial no séc. XIX ao pé destes 2Milhões de anos são apenas uns minutos. E mudanças tão radicais em tão pouco tempo terão que ser nefastas para a nossa saúde.

Quanto a mim, até mesmo aqueles que se podem considerar fisicamente activos estarão correndo atrás do prejuízo... quanto mais ser sedentário.

Portanto, seja a dieta, seja o exercício, sejam os químicos, não se podem mascarar 2 MILHÕES de anos de evolução.
 
Desconfiem de soluções fáceis e milagrosas!

É NECESSÁRIO DISCIPLINA E UM COMPROMISSO SÉRIO COM A CAUSA

2 comentários:

  1. Muito interessante este testemunho, mostrando que nunca é tarde para lutarmos por nós próprios.
    Provavelmente tens razão quando dizes que a longevidade desta senhora não será do exercício, no entanto e pegando nesta ideia do que mudou na própria sociedade, e supondo (sim, porque serão apenas suposições), podemos dizer que se calhar esta senhora (podia ser outra qualquer) comia muito feijão e grão, e pouca carne – porque se calhar não havia, e não o contrário. Se calhar cavava e lavrava muito a terra (trabalho duro, que só quem experimentou sabe…) em vez de trabalhar sentada atrás de um computador, cuidava quem sabe dos animais (galinhas, ovelhas, porcos, coelhos, patos, enfim…), acartava potes de agua da fonte, em vez de esticar o braço até à torneira lá de casa, levava à cabeça um alguidar de roupa suja para lavar no tanque e trazia o de volta para a estender à porta de casa, (bendita máquina de lavar a roupa  ) deslocava-se a pé quando precisava de ir a algum sitio e não de carro. Tenho a ideia de ter ouvido que estas coisas não são verdadeiro exercício, estou errada? Mas parece-me que podem ter alguma importância… Houve muita coisa que mudou na nossa sociedade! A possibilidade de ter acesso a toda uma gama de bens que antigamente só se tinha às vezes, ou nunca se chegava a ter, que certas pessoas nunca tinham experimentado (lembro-me quando o meu avô, homem que viveu toda a vida no mundo de “uma sardinha para três” teve de experimentar pela primeira vez um iogurte…) trouxe-nos outros desafios, com os quais tivemos e continuamos a ter dificuldade em lidar e em dar resposta.
    Concordo plenamente contigo quando dizes que é necessário disciplina e um compromisso sério com a causa… e parece-me que isso funciona e é essencial não só quando pensamos em cada um de nós, individualmente, mas sobretudo quando pensamos na sociedade em que estamos inseridos e nas mudanças que têm ocorrido, com tudo o que de bom nos trouxe e com todos os desafios que essas mudanças nos colocam…
    Tenho pensado bastante nestes assuntos… e é verdade a mudança começa connosco próprios, podemo-nos mudar a nós próprios, pode haver quem nos ajude, num trabalho em conjunto, a encetar o caminho da mudança... Mas há também todo um trabalho de mudança que a nossa sociedade precisa de fazer para conseguirmos ser bem-sucedidos em termos de sociedade (e não individualmente) senão… estamos confinados ao fracasso, ou pelo menos a termos o dobro do trabalho, o que é uma grande chatice…
    É interessante a teoria antropológica e a reflexão que fazes sobre ela… Faz sentido, mas dá-me a ideia que o processo é um bocadinho mais complicado, porque existe uma série de outros fatores que não facilitam muito a coisa!...

    Até amanha,
    Jo

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  2. Obrigado Jo =)

    Claro que não quero ter uma visão redutora da problemática... mas parece-me que todos os outros factores derivam, directa ou indirectamente, desta reflexão.

    Claro que nos havemos de adaptar, e sair mais fortes desta situação... mas penso que à velocidade que se dão estas alterações, a adaptação vai custar muitas vidas.

    Também chegou um ponto da história em que não eram apenas os mais fortes que sobreviviam mas sim os mais inteligentes...

    Há que conjugar esforços!

    bjs

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