No passado dia 14, a convite da LIFESCAN- Johnson&Johnson, Lda, pude dar o meu contributo formativo aos utentes da equipa do Núcleo de Diabetes do Hospital de Beja, liderado pela Dr.ª Isabel Ramoa.
A sessão de
esclarecimento teve como principal objectivo ressalvar a importância do
exercício físico na prevenção e tratamento da Diabetes, destacando as
recomendações, precauções, e guidelines da prescrição de exercício para essa população especial.
Focou-se
principalmente a importância do exercício de força (musculação) como
complemento do, tradicionalmente, recomendado exercício cardiovascular
(corrida, bicicleta, etc.). Não só pelas evidências científicas na
melhoria da resistência à insulina, como também da melhoria e manutenção
da capacidade funcional do sujeito, obesidade, etc...
Ficou
evidenciado, através da medição dos índices de glicémia antes e
pós-exercício, os benefícios do Exercício visto que a grande maioria dos
participantes reduziu significativamente a concentração de glicémia no
sangue.
Algures durante a minha intervenção arrisquei a pergunta: Quem (já) pratica exercício físico?
Na verdade houve um silêncio um pouco constrangedor...
O que me fez pensar: "se nem esta malta tem hábito de praticar exercício, que certamente estará sensibilizada para a IMPORTÂNCIA do exercício físico para lidar com a sua doença e que ficou comprovada na própria sessão através dos índices de glicémia, como chegar àqueles que (ainda) são saudáveis?!?!"
Caminhar não é Exercício!! Até entendo o porquê da caminhada ser das actividades mais recomendadas: não é preciso grande técnica para caminhar, é barato, o risco de quedas ou lesões é mínimo, enfim, (quase) todos o podem fazer...
Se estamos a iniciar um programa de exercício ok! podemos começar por aí, mas é necessário ir muito mais além, independentemente das eventuais limitações decorrentes da diabetes: retinopatias, neuropatias, hipoglicémias, etc. A prescrição de exercício deve contemplar todas essas variáveis, e ainda assim continuar a ser Exercício Físico.
Com isto não quero dizer que não trará benefícios, mas que fique esclarecido que não é Exercício Físico.
O exercício deve ser visto como um estímulo que provoque uma adaptação ao organismo, um desafio às nossas capacidades e limitações, uma saída constante da nossa "zona de conforto". A caminhada numa fase inicial, para indivíduos extremamente sedentários, até pode significar esse estímulo, mas rapidamente o organismo se acomoda àquele estímulo sendo necessário mudar: ou no tipo, ou volume (significa caminhar mais... não please!), ou intensidade ou na metodologia.
Pois se para a população diabética caminhar não é exercício, será para os que (ainda) são saudáveis??
Estamos todos numa corrida contra este tipo doenças! Se é certo que a Diabetes não é uma patologia recente, o nosso estilo de vida secularizado e globalizado tem potenciado a sua proliferação...
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