"A cerveja é sem dúvida a bebida alcoólica mais consumida em
todo o mundo, fazendo parte da alimentação do Homem desde os anos 5000 a.C.
Quer seja simplesmente para “matar a sede” ou como parte integrante da sua vida
social. Neste sentido, e muito embora os malefícios associados ao consumo excessivo
de bebidas alcoólicas já amplamente conhecidos, os efeitos associados ao seu
consumo moderado, nomeadamente o caso particular da cerveja, são já um pouco
mais complexos e tema de discussão.
Uma vez que as bebidas alcoólicas adquirem o seu valor
calórico através da quantidade de álcool e em alguns casos de açúcar (ex.:
espumantes, vinhos e licores), o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, e
também da cerveja, está também associado a um balanço energético positivo, o
que pode levar ao aumento do peso. Este consumo exagerado de bebidas
alcoólicas pode ter efeitos nocivos para a saúde, acarretando riscos
para diversos órgãos, especialmente para o fígado.
Mas a verdade é que estes dados são relativos às bebidas
alcoólicas no geral, e não acerca da cerveja em si. Para além disso, consideram
o efeito destas bebidas quando consumidas em excesso.
Mas será que quando consumida de forma moderada a cerveja
tem os mesmos efeitos na saúde? E no peso?
Ora, vamos então ver….
Primeiro que tudo, temos de definir o que é o consumo
moderado de bebidas alcoólicas, que consiste sensivelmente numa ingestão
diária de cerca de 12g de etanol (álcool) para mulheres e 24g de etanol para
Homens. Isto equivale sensivelmente a 1 cerveja média para mulher e 2 para
Homem.
A cerveja é constituída 90% por água, 4 a 5% de álcool e
quantidades vestigiais de fibra solúvel e hidratos de carbono. Assim, esta não
tem açúcar e é das bebidas alcoólicas mais pobres em álcool, o que explica o
facto se ser também uma das menos calóricas: 1 imperial contém cerca de 60kcal. Para além
disso, embora a cerveja seja constituída por alguns minerais (vestigiais), esta
contem ainda silício, vitaminas do complexo B e polifenóis.
É este “caldeirão” de ingredientes (que inclui o etanol,
silício e polifenóis) que constitui a cerveja que tem demonstrado alguns efeitos
positivos na saúde quando consumida em quantidades moderadas, nomeadamente:
·
Manutenção da densidade mineral óssea,
prevenindo a perda de cálcio do osso associada ao envelhecimento e promovendo a
formação óssea;
·
Efeito protetor na saúde cardiovascular,
através de um impacto positivo nos seus fatores de risco: diabetes, níveis
elevados do “mau” colesterol (LDL) e triglicéridos, níveis baixos do “bom”
colesterol (HDL).
Para além disso há estudos que defendem ainda o papel protetor
que a cerveja, enquanto alimento integrante da dieta mediterrânica, pode ter
contra doenças neurodegenerativas como a doença de alzheimer devido ao seu
conteúdo nutricional que inclui silício, polifenóis, melatonina e etanol.
Quanto à questão do peso, o que sabemos atualmente é que não
há evidência que permita associar o consumo moderado de cerveja quer à
obesidade quer à “barriga de cerveja”, isto é, ao aumento gordura abdominal. Ainda
neste seguimento, um estudo recente parece demonstrar que a ingestão moderada
de álcool também não influencia os efeitos na composição corporal de um
programa de treino intervalado de alta intensidade duas vezes por semana.
“E beber depois do treino/jogo/prova física? Não posso?”
A verdade é que o álcool suprime a resposta anabólica da
atividade física através da redução da síntese proteica muscular provocada pela
prática de atividade física, pelo que é por isso que esta não a bebida
preferencial após o treino.
Contudo, as respostas não são sempre “preto no branco”, isto
é, um efetivo “sim” ou “não”, mas sim um “depende”. Tudo depende da situação,
dos objetivos, dos resultados de cada um, isto é, acima de tudo depende
de um contexto e da individualização. Seremos nós atletas de
elite ou recreativos? Qual o meu objetivo? Fará sentido para nós prescindir de
um momento de convívio? Esta é a máxima que deve ter sempre presente.
Serve isto para dizer que nem tudo o que parece é, os mitos
são muitos e as generalizações ainda mais. A maioria dos efeitos negativos que
se disseminam acerca da cerveja são na realidade associados ao consumo de
bebidas alcoólicas no geral (cerveja, vinho, bebidas brancas) e quando bebidas
em excesso. Efeitos muito diferentes de quando falamos da cerveja e do seu
consumo de forma moderada.
É necessário, contudo, alertar que existem algumas
populações às quais é desaconselhado o consumo de bebidas alcoólicas (algumas
doenças cardíacas, hepáticas, pancreáticas, etc.), pelo que em caso se dúvida
contacte o seu médico.
Assim, evite cair na tentação de rotular todos os alimentos
com “sim” ou “não” e desfrute da sua cerveja sem sentimento de culpa e com
moderação! 😉
E se
tiverem que escolher entre uma cerveja e um refrigerante, qual escolhem? Qual
será a melhor opção? Partilhem a vossa opinião sobre o tema. 😊"
Nutricionista Joana
Jesus, 3715N.
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