“Sou funcionário
do Centro Paroquial e Social do Salvador, Técnico Superior de Desporto, e foi a
própria Direção que me propôs a actividade, numa primeira fase para as colegas,
pois é uma casa cheia de mulheres e com muitos funcionários. A ideia era fazer actividade
física para as funcionárias e nesse sentido foi um fracasso, então optou-se por
abrir as portas à Comunidade. A partir dai é que acabou por tomar algum “rumo”…
foi crescendo, e ao longo destes anos temos experimentado um aumento gradual do
número de praticantes. Aquilo que fizemos numa primeira fase, foi
essencialmente esse serviço de exercício para a comunidade, mas foi progredindo
ou foi evoluindo para o serviço de consultoria online. Portanto, nós sempre
bebemos deste conceito social do Centro do Salvador… de fazer o bem, ser
altruístas e proativos para a Comunidade, então estes serviços online são
essencialmente gratuitos…seja a prescrição de exercício físico, seja a nutrição
(temos uma nutricionista a fazer este serviço), seja a reabilitação (também temos
um colega de exercício e reabilitação a fazer serviço connosco). Fazemos também avaliações presenciais
gratuitas: avaliação da condição física e dos marcadores de saúde. Estamos também
nesta fase a replicar o conceito na Cabeça Gorda, em parceria com a Associação
de jovens “Carpe Diem na aldeia”. Temos também o protocolo com a Cáritas
Diocesana para ajudar os seus utentes, que eles estão a “reabilitar”, para que
estes possam treinar com condições favoráveis, ou até alguns de forma gratuita.
Temos também já parceria com o Hospital de Beja na consulta de diabetologia,
onde fazemos a prescrição de exercício para diabéticos… enfim, estamos
empenhados num empreendedorismo social, não na comercialização de exercício,
digamos que oferecemos resultados.
O projeto continua ligado ao Centro Social
do Salvador… é isso?
É a nossa “casa
mãe”… já são oficialmente entidades diferentes, mas sim! Até porque há uma discriminação positiva para todos os
colaboradores, clientes/utentes e familiares do Centro do Salvador, por isso, é
inevitável, não queremos de forma alguma cortar este cordão umbilical.
Referias há pouco que estão a aproveitar as
novas tecnologias, a internet… para fazerem os vossos serviços, também no fundo
para fazer com que eles cheguem mais longe. Falaste de serviços gratuitos…
fala-nos um pouco mais em concreto o que são e que tipo de pessoas é que vos
chegam. Ou seja, são pessoas aqui da região? Já são solicitados para consultas
online por gente de fora, como é que é?
Sim. Aquilo que
nós fazemos online desde o princípio, fazemo-lo um pouco por todo o Mundo…
neste momento, aquilo que fazemos são estas consultorias, ou seja, destas 3
grandes áreas: do exercício, que é a nossa grande área, o know-how da equipa residente; temos uma nutricionista que também
nos dá este apoio; e alguém da parte da reabilitação. Para além disso, os nossos
treinos passam em direto na internet… sejam os treinos dos adultos sejam os
treinos das crianças, para além dos canais do Youtube e outros canais de
comunicação que nós usamos de forma gratuita. Como resultado temos cerca de 9 a
10 mil visualizações mensais no site, sendo que na consultoria têm-nos chegado
propostas desde o Japão, ao Brasil e ao Reino Unido (a maioria deles de língua
portuguesa, mas temos tido também algumas propostas interessantes em espanhol e
inglês a procurar o nosso know-how).
Depois têm a componente do exercício e uma
componente presencial de pessoas, que lhes chegam e que vem assistir às vossas
aulas. Que tipo de aulas é que oferecem? E de tipo de pessoas é que estamos a
falar? Já explicaste que inicialmente a população-alvo são as Funcionárias do
Centro Social… não corresponderam a vossa espectativa. Que tipo de pessoas é
que vos chegam, é gente de beja?
Sim. Neste
momento, são esse atletas presenciais que sustentam este nosso conceito que
chamamos social e não comercial. Ainda que seja um serviço low cost são estas
pessoas que dão sustentabilidade. Temos o jovem adulto, que é o nosso grande ponto
forte… que é o treino de alta intensidade. Esta temporada temos cerca de 300
atletas inscritos, não necessariamente todos pagantes, e depois temos crianças
do pré-escolar (perto de 50), crianças do primeiro ciclo (perto de 15), temos
também os diabéticos do Hospital, que são perto de 10, portanto, acaba por ser muito
heterogéneo. Recentemente, lançámo-nos também na formação… o IPDJ credenciou o
nosso know-how. Nós estamos a dar formação
credenciada pelo IPDJ e já atingimos mais de cem formandos. Nesta dinâmica a
Junta tem tido um papel muito importante no apoio à nossa oferta formativa.
Que tipo de apoio é que a Junta tem dado?
Essencialmente,
quando começámos a fazer este tipo de formações, aqui no nosso espaço em Beja, ajuda
com a parte da logística, as pastas, a divulgação… Temos agora apostado também
em levar a nossa formação para o Algarve e aí tem sido essencial, nomeadamente,
através do transporte que nos faculta para irmos fazer esta formação em terras
algarvias (desde Odiáxere até Almancil/Olhão que é onde temos estado neste
último ano).
André, já aí abordaste a questão da colaboração
de terreno com a ULBSA e com o trabalho que fazem com estes doentes com
diabetes. Exatamente, as pessoas chegam-vos e que tipo de exercício é que vocês
lhes sugerem? E já é possível ver resultados na vida dessas pessoas, destes
diabéticos em particular?
Nós acreditamos
que sim, até porque procuramos sempre jogar com números e ter sempre os números
à disposição… eles são alvo de uma avaliação da condição física. Tentamos ter
estes canais de comunicação sempre muito próximos entre os seus clínicos… para
saber o estado de entrada, a evolução da doença, dado que há determinadas
patologias da doença que nós, eventualmente, não poderemos trabalhar com eles. Essencialmente,
o que nos diferencia é o trabalho de força. Infelizmente, por um lado, o
diabético é aconselhado a caminhar, a caminhar, a caminhar e nós consideramos
que o caminhar eles podem fazê-lo sozinhos. Quando procuram um profissional do
exercício, temos mais evidências que suportam o nosso trabalho, mais para
oferecer, nomeadamente, este trabalho de musculação… que é exercitar o músculo
de forma resistida e que tem efeitos muito benéficos e cientificamente
comprovados. Para além da funcionalidade, porque são pessoas tendencialmente
mais velhas e que têm uma tendência para perder a função dos membros inferiores
e superiores… então, a nossa aposta, ou aquilo que nos diferencia, com os
diabéticos é o trabalho de força (caminhar deixamo-los caminhar sozinhos, eles
sabem, não precisam da nossa ajuda).
Os vossos atletas, as pessoas que utilizam diariamente
o FITSalvador, também são estimulados para participar em provas
regionais/nacionais? Estava a passar os
olhos pela vossa página… também vejo muita atividade na rua, no campo.
É assim… Muitos
dos nossos atletas nossos gostam e participam desses desafios. Não é nada que nÓs
incentivemos, dado que nós achamos que o exercício tem que ser quanto baste,
não consideramos que as pessoas devam viver escravas do exercício. Há um núcleo
mais importante a que devemos dispensar atenção e tempo que é a família! O exercício
deve ser quanto baste. Ainda assim, a nossa página serve para isso mesmo… para divulgar
muito do trabalho que os nossos colegas fazem porque na cidade de Beja há
muitos colegas a fazer diferente e bem, portanto, todos os espaços que oferecem
exercício em Beja são de uma qualificação excecional (todos eles, ou na sua maioria,
produto do IPBeja, portanto é um curso perfeitamente credenciado e com provas
dadas). A nossa página serve, muitas
vezes, para isso… para promover aquilo
que os nossos colegas fazem, porque fazem muito e fazem bem, daí aparecerem
provas ou promoções dos outros colegas dos ginásios, o objetivo é que haja
maior prática do exercício.
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